UCRÂNIA

Médica é condenada a prisão na Rússia por criticar a guerra na Ucrânia

A pediatra foi detida e acusada de disseminar informação falsa sobre a campanha militar da Rússia na Ucrânia

Publicado em: 12/11/2024 21:12

A defesa de Buyanova afirma que a acusação não apresentou provas sólidas contra a médica  (foto: Tatyana Makeyeva/AFP)
A defesa de Buyanova afirma que a acusação não apresentou provas sólidas contra a médica (foto: Tatyana Makeyeva/AFP)

A pediatra Nadezhda Buyanova, de 68 anos, que nasceu na Ucrânia, mas reside na Rússia, foi condenada por um tribunal a cinco anos de prisão, após uma denúncia de uma mulher casada com um soldado russo que morreu em território ucraniano. De acordo com a denúncia, a médica teria criticado a guerra.

 

Buyanovas foi acusada em janeiro pela mulher do militar russo morto em combate de ter declarado que o pai do seu filho era um alvo legítimo da Ucrânia e que a Rússia era culpada pela guerra. A primeira denúncia foi feita pela mãe através da gravação de um vídeo. Mas, o caso ganhou força no país e foi imediatamente colocado sob investigação pelo diretor do Comitê de Investigação da Rússia, Alexander Bastrykin. 

 

Segundo publicação do jornal britânico The Guardian, a pediatra foi detida e acusada de disseminar informação falsa sobre a campanha militar da Rússia na Ucrânia.

 

A defesa diz que a acusação não apresentou provas sólidas contra Buyanova e a médica alegou que se tornou um alvo devido à ascendência ucraniana. As únicas provas apresentadas foram os testemunhos da mãe em consulta e da criança de sete anos, paciente da pediatra. 

 

Desde o início da invasão russa no país, em 2022, a Rússia adotou uma lei sobre ‘informação falsa’, especialmente sobre a guerra. De acordo com observadores internacionais, essa a nova lei na Rússia trouxe um ambiente de desconfiança e suspeita, com até familiares e vizinhos trocando acusações e denúncias, muitas vezes sob anonimato. Somente na semana passada, um homem foi condenado a 13 anos de prisão por “traição” por ter doado um valor de 50 euros a uma organização de caridade alemã que apoia a Ucrânia. Além de Ksenia Karelina, cidadã com nacionalidade russo-americana, também foi condenada a 12 anos de prisão depois de doar uma quantia semelhante a um grupo pró-Ucrânia.

 

O grupo Memorial, uma organização ligada aos Direitos Humanos na Rússia, diz que Buyanova se tornou uma prisioneira política. Até mesmo um grupo de médicos russos escreveu uma carta aberta em defesa da pediatra, declarando que a denúncia era uma “desgraça”. O Memorial, agora banido da Rússia, estima que há no mínimo 800 presos políticos no país, mas o número pode ser muito maior. 

 

 

 

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