Panorama

Poder pulverizado: 16 partidos dividem administração de prefeituras em Pernambuco

Separando-se as quatro regiões do estado, a rixa entre o PSDB e PSB ficou numericamente equilibrada em duas

Publicado em: 04/11/2024 05:16 | Atualizado em: 04/11/2024 05:15

 (Foto: Divulgação)
Foto: Divulgação

 
Um pulverizador é um instrumento usado na agricultura para espalhar inseticidas ou fertilizantes. No cotidiano, o utensílio se assemelha à função do borrifador, que distribui água ou produtos de limpeza. A explicação ilustra o que aconteceu nas eleições municipais de 2024 em Pernambuco: houve uma "pulverização" de partidos políticos por todo o estado, e, ao todo, 16 legendas se elegeram.
 
O PSDB, partido da governadora Raquel Lyra, que há quatro anos tinha apenas cinco prefeitos, assumirá 32 prefeituras. Enquanto o PSB de João Campos ficará com 31. Logo atrás deles estão o Partido Progressista (PP), com 24 prefeituras, os Republicanos, com 22, e o PSD, com 20. As demais 11 legendas conquistaram entre uma e 11 prefeituras cada uma.
 
Separando-se as quatro regiões do estado, a rixa entre o PSDB e PSB ficou numericamente equilibrada em duas: metropolitana e agreste. 
 
No Grande Recife, o pódio é dividido ainda com o PSD, cada um com três prefeituras. Sendo capital do partido socialista, Paulista do PSDB e Olinda do PSD. 
 
No Agreste, o PP se junta às duas legendas com 12 municípios. Sendo as duas maiores cidades da região, dominadas pelo PSDB e pelo PSB, Caruaru e Garanhuns, respectivamente. 
 
Já na Zona da Mata, os tucanos lideram ao lado do Progressistas, ambos com oito cidades. No entanto, os partidos não fizeram prefeitos em nenhuma das três maiores cidades da região (Vitória de Santo Antão, Goiana e Carpina).  
 
Por fim, no Sertão, o PSB lidera, com 12 prefeituras. A maior cidade da região ficou com Simão Durando, do União Brasil, que declarou apoio a João Campos. 

Mesmo apoiado por uma base de 76 prefeituras (PSDB, PSD e PP), o governo de Raquel Lyra enfrentará 112 municípios que podem fazer oposição. Para a cientista política Priscila Lapa, essa situação representa um desafio para os prefeitos, que podem trocar de lado.
 
"Ser prefeito de oposição é muito difícil. Há muita dificuldade para receber recursos, o que limita o município financeiramente e compromete o que precisa ser feito. Obras de infraestrutura, por exemplo, são mais caras e o orçamento municipal não é suficiente”, explica Lapa. “É preciso uma demarcação ideológica muito forte para que a pessoa banque a decisão de estar na oposição".
 
Na análise da cientista, Raquel Lyra decidiu “organizar o modelo de seu governo" nos dois primeiros anos de mandato. Já os anúncios recentes da gestão mostrariam um esforço para tentar atrair o apoio dos municípios, segundo Lapa. Um dos acenos foi a reunião convocada com todos os prefeitos eleitos e reeleitos no Estado logo após o fim do primeiro turno. 
 
“Agora está ficando mais fácil entender a linha política do governo de Raquel. Eu não tenho dúvida de que haverá um movimento de adesão maior. Claro que o tamanho desse crescimento dependerá da estruturação de oposição que outros partidos, como o do próprio PSB, venham a desenvolver", disse. 
 
E completa: “Pernambuco conseguiu se organizar para obter esses empréstimos, melhorar a nota do estado no Capag… Isso é mérito da gestão dela. Ela está com dinheiro no caixa para dizer assim: ‘quem quiser vir comigo, pode vir’. Tem bala na agulha”. 
 
Reunião

Marcada para o dia 22 deste mês, Raquel Lyra convocou todos os 184 prefeitos eleitos no estado para uma reunião. Segundo a gestora, o encontro buscará integrar o Estado e os municípios, para debater ações e projetos, conforme a gestora. 

“Sou municipalista e já quero receber esses gestores, independentemente de partido político, para trabalharmos juntos. Vamos reunir todos eles e apresentar nossos programas, abrindo às portas do Governo de Pernambuco para permitir que possamos ser mais eficientes na entrega de prestação de serviços à população do nosso Estado”, afirmou no momento do anúncio. 

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