A possibilidade da existência de um planeta ainda não identificado em nosso Sistema Solar volta a ganhar força. Um estudo recente propõe a presença de um novo corpo celeste, apelidado de Planeta Y, que estaria orbitando nas regiões mais distantes do Sol, além de Netuno. A hipótese surgiu a partir da observação de órbitas inclinadas de alguns objetos no Cinturão de Kuiper — uma vasta área composta por rochas e gelo.
Segundo o astrofísico Amir Siraj, doutorando da Universidade de Princeton, algo parece estar interferindo nas trajetórias desses corpos, o que sugere a ação gravitacional de um planeta ainda invisível aos telescópios atuais. “Não se trata da descoberta de um novo astro, mas de um mistério cuja explicação mais provável é a presença de um planeta desconhecido”, afirmou o pesquisador à revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society: Letters.
Uma busca que vem de longa data
A ideia de um planeta oculto não é nova. Desde o século XIX, astrônomos tentam encontrar evidências de um corpo além de Netuno. Foi essa busca que, em 1930, levou à descoberta de Plutão — que mais tarde seria reclassificado como planeta anão. Nas décadas seguintes, diversas hipóteses surgiram, entre elas a do “Planeta Nove”, proposta em 2016, que seria até dez vezes mais massivo que a Terra e orbitava muito além de Plutão.
O Planeta Y, no entanto, teria dimensões menores — entre o tamanho de Mercúrio e o da Terra — e poderia estar de 100 a 200 vezes mais distante do Sol do que o nosso planeta.
Próximos passos das observações
Para confirmar a existência desse possível planeta, os cientistas contam com a ajuda do Observatório Vera C. Rubin, no Chile, que deve iniciar em breve um mapeamento detalhado do céu. O telescópio, considerado um dos mais potentes já construídos, poderá registrar imagens de todo o firmamento a cada três dias, oferecendo um panorama sem precedentes do Sistema Solar.
“Nos próximos anos, teremos dados suficientes para confirmar ou descartar a presença do Planeta Y”, destacou Siraj. Até lá, a busca pelo misterioso corpo celeste promete manter acesa uma das discussões mais intrigantes da astronomia moderna.






