No interior de Sergipe, o pequeno município de Itabaianinha ganhou destaque nacional e internacional por um motivo singular: a presença incomum de pessoas com nanismo. Popularmente apelidada de “Cidade dos Anões” — denominação que divide opiniões —, a localidade abriga uma história marcada por ciência, herança genética e resistência cultural.
Raízes genéticas e isolamento geográfico
A origem do fenômeno remonta ao povoado rural de Carretéis, pertencente a Itabaianinha. Durante séculos, o isolamento da comunidade contribuiu para a ocorrência de casamentos entre pessoas da mesma família, o que favoreceu a propagação de uma mutação genética chamada Deficiência Isolada do Hormônio do Crescimento (DIGH).
Essa condição impede a produção normal do hormônio responsável pelo crescimento, resultando em pessoas de baixa estatura, mas com proporções corporais equilibradas — diferente de outras formas de nanismo. A média de altura entre os portadores da condição varia de 1,05 m a 1,35 m, e alguns chegam a medir até 1,40 m. Em Carretéis, chegou-se a registrar um caso para cada 32 moradores, número considerado extremamente alto em comparação à média mundial. Ao longo de cerca de oito gerações, estima-se que mais de 130 pessoas tenham nascido com a mutação.
Reconhecimento mundial e curiosidade científica
A peculiaridade genética de Itabaianinha atraiu pesquisadores, jornalistas e emissoras internacionais desde os anos 1980. Canais como a CNN produziram reportagens que colocaram o município no mapa global. Em 1993, o jornalista italiano Marco Sanvoisin visitou a região e descreveu seus moradores como pessoas “gentis e únicas”, despertando admiração, mas também discussões sobre o uso de termos estigmatizantes.
Orgulho e identidade cultural
Mesmo diante das adversidades, a população de Itabaianinha desenvolveu um forte sentimento de pertencimento. A cidade inspirou músicas, reportagens e homenagens, como a canção “Sou de Itabaianinha”, da banda sergipana Siri Mania.
Hoje, o município é reconhecido não apenas pela rara mutação genética, mas também por representar a força e o orgulho de uma comunidade que transformou uma condição hereditária em símbolo de identidade e dignidade.






