O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou que o Drex — projeto de infraestrutura tokenizada do sistema financeiro — não tem como finalidade vigiar a população, mas sim simplificar e modernizar as transações financeiras. A declaração foi dada em entrevista ao podcast “3 Irmãos”, no último fim de semana.
“Tem transparência, não tem controle, não é pra isso que ele serve”, afirmou o ministro. Haddad explicou que o sistema pode, por exemplo, ampliar a clareza em relação às renúncias fiscais no Brasil. Ao ser questionado sobre a possibilidade de o Drex estar em funcionamento até 2030, ressaltou que a responsabilidade pela implementação da moeda digital é do Banco Central, e não da pasta da Fazenda.
A próxima etapa do Drex está prevista para 2026 e terá como foco a reconciliação de gravames, mas ainda sem a utilização da tecnologia blockchain, que deve ficar para fases posteriores. Haddad também apontou os elevados custos de transação no Brasil e reforçou a importância de regulamentar a concorrência das big techs no setor financeiro.
“Sempre tem alguém no caminho, sempre tem um pedágio. Agora mesmo nós mandamos uma lei para regular a concorrência das big techs, porque elas pedagiam tudo”, disse. O ministro também tratou do tema da soberania digital, defendendo a instalação de data centers em território nacional como forma de garantir a proteção de dados sensíveis.
O que é e como funcionará o Drex?
🔍 O que é o Drex
- O Drex — também chamado de Real Digital — será a moeda digital oficial do Brasil, emitida e regulada pelo Banco Central.
- É uma CBDC (sigla em inglês para Central Bank Digital Currency — moeda digital de banco central), ou seja, não é uma criptomoeda independente, mas sim uma versão digital do real, com valor garantido e paridade fixa com ele.
- O nome “Drex” deriva de “Digital Real X”: o “d” e “r” referem-se ao Real Digital, o “e” a eletrônico, e “x” sugere modernidade e conexão.
⚙️ Como vai funcionar
- Conversão entre real físico e Drex: para obter Drex, o usuário converterá reais em moeda digital por meio de uma carteira virtual ou instituição autorizada. Cada R$ 1 corresponderá a 1 Drex.
- Uso de carteiras virtuais: só será possível movimentar Drex por meio de carteiras digitais operadas por bancos, fintechs, cooperativas ou instituições de pagamento autorizadas. Essas instituições farão a intermediação entre o usuário comum e o sistema do Banco Central.
- Tecnologia de registro distribuído (DLT / blockchain): o Drex usará tecnologia de registro distribuído para garantir segurança, transparência e rastreabilidade das transações. Porém, será uma blockchain permissionada, ou seja, controlada pelo BC e instituições autorizadas, diferente de criptomoedas descentralizadas.
- Contratos inteligentes (smart contracts): permitirá automatizar certos tipos de transações e obrigações — por exemplo, pagamento vs entrega de um bem, ou execução de ações quando condições pré-estabelecidas forem satisfeitas.






