Em 2010, o empresário Eike Batista viveu o auge de sua carreira e de sua fortuna. Considerado o homem mais rico do Brasil e um dos maiores bilionários do mundo, Eike possuía uma riqueza estimada em 30 bilhões de dólares, valor que, convertido para os padrões atuais, ultrapassa 160 bilhões de reais. Sua imagem era a de um empreendedor ousado, que prometia colocar o Brasil entre as grandes potências econômicas do planeta. Naquele período, Eike era sinônimo de sucesso, luxo e poder.
Com negócios que iam da mineração ao petróleo, passando por energia e logística, Eike construiu um império ambicioso. Seu estilo agressivo e confiante atraiu investidores e manchetes, mas também criou expectativas difíceis de sustentar. Quando seus megaprojetos começaram a enfrentar atrasos e prejuízos, a confiança do mercado desabou. Em poucos anos, o bilionário viu sua fortuna desaparecer e se tornou réu em vários processos judiciais, marcando uma das quedas mais impressionantes da história empresarial brasileira.
Enquanto isso, outro nome do empresariado nacional ganhou destaque: Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan. Conhecido por seu jeito extravagante e pela defesa entusiasmada de suas ideias, Hang construiu sua fortuna de forma mais gradual, baseada em um modelo de varejo popular e expansivo. Recentemente, ele voltou aos holofotes ao comprar a última casa disponível na badalada Avenida Atlântica, em Balneário Camboriú, por 140 milhões de reais.
A cifra impressiona e figura entre as maiores transações imobiliárias do país. Ainda assim, quando comparada à fortuna que Eike Batista acumulou em seu auge, o valor pago por Hang parece uma verdadeira mixaria. Para quem já teve mais de 160 bilhões de reais em patrimônio, uma mansão de 140 milhões representaria apenas uma fração minúscula — algo equivalente a comprar um carro popular com o troco do café. Essa diferença ilustra o abismo que separa as duas trajetórias.
O caso de Eike mostra como a riqueza pode ser efêmera quando depende de apostas de alto risco e de expectativas infladas. Já Luciano Hang representa um modelo mais conservador e sustentado, construído sobre um negócio tradicional e consolidado no mercado brasileiro. Embora o empresário catarinense goste de ostentar, sua fortuna foi feita tijolo por tijolo, loja por loja, sem o mesmo grau de especulação que derrubou Eike.
Comparar a “mixaria” da casa de Hang à antiga fortuna de Eike é, no fundo, um retrato simbólico do capitalismo brasileiro. Mostra que, enquanto alguns apostam em sonhos grandiosos que podem ruir a qualquer momento, outros preferem erguer seus impérios com base em estratégias mais estáveis. No fim, o luxo da mansão de Balneário Camboriú é grande, mas ainda parece pequeno diante dos números que já definiram o auge e a queda de um dos maiores nomes do empresariado nacional.






