Cientistas alemães descobriram uma nova forma de gelo ao submeterem água a condições extremas de pressão em temperatura ambiente. O estudo, publicado recentemente na revista Nature Materials, revela que esse material, batizado de “gelo 21”, apresenta uma estrutura molecular inédita, ampliando o entendimento sobre o comportamento da água em situações extremas.
O que é o chamado “gelo 21”
O “gelo 21” surge quando a água passa por um processo de compressão extremamente rápida e intensa, dando origem ao que os especialistas chamam de “água supercomprimida”. Nessa fase, o material permanece estável por um curto período, o que os pesquisadores definem como um “estado metaestável”.
A nomenclatura não é por acaso: existem, até o momento, mais de 20 formas sólidas de gelo registradas pela ciência, cada uma com uma disposição diferente das moléculas de água. O novo tipo representa a 21ª variação conhecida, oferecendo informações valiosas sobre como o líquido reage a diferentes pressões e temperaturas — algo essencial para compreender ambientes como o interior de planetas congelados ou regiões de alta profundidade oceânica.
Como foi possível criar o novo gelo
Para produzir o “gelo 21”, os pesquisadores recorreram a um equipamento de ponta conhecido como célula de bigorna de diamante, capaz de gerar pressões altíssimas. Durante os experimentos, a água foi submetida a até dois gigapascais — uma pressão aproximadamente 20 mil vezes superior à registrada ao nível do mar.
A equipe realizou ciclos de compressão e descompressão em frações de milissegundo, o que possibilitou registrar, em tempo real, a transformação da água em sua nova estrutura sólida. O resultado foi a formação de um cristal com geometria tetragonal, composto por grandes blocos repetitivos de moléculas — um arranjo completamente distinto das formas de gelo já conhecidas.
A descoberta abre novas perspectivas para estudos sobre a física da água e pode contribuir para futuras pesquisas sobre materiais em condições extremas no espaço e na Terra.






