Em algumas regiões do Brasil, rios apresentam um comportamento que parece desafiar as leis da natureza: em determinados trechos, as águas correm para trás. Esse fenômeno ocorre em partes dos estados do Amapá, Amazonas e Tocantins, sendo o Rio Araguari, no Amapá, um dos exemplos mais conhecidos.
O fenômeno é conhecido como refluxo ou inversão de corrente, e ocorre devido à combinação de fatores naturais, como marés fortes, relevo do terreno e características específicas do leito dos rios. No caso do Rio Araguari, a proximidade com a foz e a influência das marés do Oceano Atlântico provocam um recuo temporário das águas, fazendo com que o rio “corra para trás” por alguns quilômetros.
Moradores da região relatam que o fenômeno é mais visível durante a maré cheia, quando o nível do oceano sobe e empurra a água do rio em sentido contrário. Além de chamar a atenção de turistas, o evento desperta interesse de pesquisadores, que estudam o impacto desse refluxo sobre a fauna, a flora e a dinâmica sedimentar dos rios amazônicos.
O fenômeno também gera efeitos práticos para a população local, influenciando a navegação, a pesca e até o transporte de cargas em trechos próximos à foz. Pescadores adaptam suas rotas e horários para aproveitar ou evitar a inversão da corrente, enquanto biólogos observam como espécies aquáticas se comportam diante dessa alteração temporária do fluxo.
Apesar de conhecido há décadas pelos moradores, o refluxo dos rios amazônicos ainda é objeto de estudos científicos, que buscam compreender com mais precisão a interação entre as marés, o relevo e o regime de chuvas.
Pesquisas recentes indicam que alterações climáticas e o aumento do nível do mar podem intensificar ou modificar a frequência desse fenômeno nos próximos anos, tornando-o ainda mais relevante para estudos ambientais e de gestão dos rios.






