O McDonald’s está presente em quase 120 países, com mais de 39 mil restaurantes ao redor do mundo. Diariamente, a rede atende cerca de 70 milhões de clientes e possui um valor de mercado de US$ 212,55 bilhões. No entanto, a Bolívia, um dos 10 países que fazem fronteira com o Brasil, permanece fora da lista de países com unidades do fast food.
Mas por que o McDonald’s não conseguiu se estabelecer na Bolívia? A explicação envolve uma combinação de fatores econômicos, sociais e culturais. Vale destacar que o país é o único da América do Sul sem presença da famosa rede de hambúrgueres.
Na década de 1990, a Bolívia enfrentava grandes desafios econômicos. Em 1997, cerca de 63% da população vivia na pobreza, sendo 38% em extrema pobreza, segundo o FMI. Apesar de políticas sociais terem reduzido esses números, a desigualdade ainda dificultava o consumo de produtos estrangeiros caros.
Foi nesse contexto que o empresário Gonzalo Sánchez de Lozada inaugurou a primeira unidade do McDonald’s na Bolívia. Inicialmente, as filas nas lojas e drive-thrus indicavam boa aceitação da rede no país. Porém, o entusiasmo logo diminuiu, e o preço dos produtos se mostrou um grande obstáculo.
Enquanto uma refeição típica boliviana, incluindo carboidrato, proteína e bebida, custava cerca de US$ 2, um combo do McDonald’s chegava a pelo menos US$ 5. A população, acostumada a refeições fartos e acessíveis, não via sentido em pagar mais por um lanche considerado inferior em sabor e quantidade.
O insucesso do McDonald’s na Bolívia não se deveu apenas a fatores econômicos. A rede tentou adaptar o cardápio, incorporando o molho picante local “llhua”, mas isso não foi suficiente. O verdadeiro desafio estava na relação dos bolivianos com a comida, que divergia totalmente do conceito de fast food.
Nesse contexto, o McDonald’s registrou prejuízos por cinco anos seguidos. Em 2002, J.C. Gonzales-Mendez, ex-vice-presidente da divisão sul-americana da rede, optou por encerrar as operações na Bolívia. Curiosamente, outras redes internacionais conseguiram se firmar no país ao evitar os mesmos equívocos do McDonald’s.






