Os motoristas e entregadores que atuam por meio de plataformas digitais enfrentam uma realidade dura: embora estejam mais tempo na ativa, seus ganhos são frequentemente inferiores à média da população ocupada.
Dados da Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, em 2024, os trabalhadores “plataformizados” tinham uma renda média de cerca de R$ 2.996 por mês, com jornada semanal média de 44,8 horas. Em contrapartida, os demais ocupados tinham renda média próxima a R$ 2.875 e trabalhavam em média 39,3 horas por semana.
Quando se observa o rendimento por hora, a desvantagem desses profissionais fica ainda mais clara. Mesmo com jornada maior, o ganho por hora dos trabalhadores por aplicativo foi calculado em cerca de R$ 15,4 no levantamento de 2024, sendo 8,3% inferior ao dos trabalhadores fora das plataformas, que tinham média de R$ 16,8 por hora.
Além disso, especificamente para entregadores de aplicativos, a média mensal chegou a cerca de R$ 2.340 em 2024 — bem abaixo da média de R$ 2.878 da população ocupada. Esses números reforçam uma tendência detectada em estudos anteriores: a jornada mais extensa não se traduz em melhor remuneração para quem trabalha via apps.
A pesquisa do IBGE publicada em 2023 apontou que trabalhadores de aplicativos tinham uma jornada média de 46 horas semanais — cerca de 6,5 h a mais do que os demais — e recebiam por hora menos do que quem atua fora das plataformas. Essa disparidade sugere que a “flexibilidade” prometida às vezes se traduz em mais tempo conectado, menos descanso e ganhos mais baixos relativos ao esforço empregado.






